domingo, 15 de junho de 2008

Algumas loucuras antes de partir

Escrevo aqui algumas loucuras antes de partir, algumas loucuras que descobri sobre mim mesma. Como por exemplo, me achar terrivelmente arrogante e soberba e achar isso o máximo ao descobrir que uma pessoa falsa e superficial jamais conseguira ficar ao meu lado nem por cinco minutos. Assumir meus preconceitos sabendo que posso mudar de opinião sem ser uma pessoa sem personalidade.

Descobri depois de horas de terapia, tomar passe e de muita leitura auto-ajuda que o que me deixa segura e feliz de verdade é a escova progressiva. Meu cabelo ta um arraso e eu me sinto ótima por isso! È, eu também posso ser fútil e isso é libertador!

Descobri que tomar essa decisão de mudar de cidade e recomeçar a vida em outro lugar foi a loucura mais sóbria da minha vida. Isso choca as pessoas que convivem comigo e pela primeira vez na minha vida, o sentimento delas não me importa, pela primeira vez estou certa da minha decisão.

Pela primeira vez, não fantasio uma vida perfeita, com pessoas perfeitas e lugares perfeitos. Pela primeira vez, assumo a Ana Paula imperfeita que escuta Chico Buarque, dança Rolling Stones, mas chora e se emociona de verdade mesmo é com a letra da música romântica da Pitty. Pela primeira vez estou aprendendo a conviver com meus defeitos sem querer mudá-los, quero apenas conhece-los bem e saber lidar com eles.

Pela primeira vez, não olho para as minhas amigas e nos achamos melhor que as outras pessoas, apenas porque gostamos de jazz e vamos assistir aos filmes que passam na Academia. Agora, olho pra gente e vejo um grupo de amigas comuns que conversam sobre moda, choram por homens idiotas e critica em segredo as roupas uma das outras. Sim, somos falsas e fúteis como toda mulher. Mas também, somos lindas, delicadas, românticas, carinhosas, chorosas e únicas, como toda mulher.

Pela primeira vez não tenho medo de não estar ao lado do meu pai, pelo contrário, mudar vai me fazer ser menos dependente dele, não digo apenas pelo lado financeiro mas principalmente pelo lado emocional, saber que ele vai estar longe quando eu estiver apertada de dinheiro ou perdida em algum lugar e a minha opção pela primeira vez não será discar o número dele, vai me ajudar a ser uma pessoa melhor e deixa-lo por incrível que pareça tranqüilo por mais que hoje ele não perceba isso. Afinal ele vai deixar no mundo uma filha adulta que saberá se virar sozinha quando for preciso (o que muito marmanjo não sabe fazer).

Pela primeira vez sinto que longe da minha mãe vou poder admirá-la mais e ter menos mágoa e quem sabe sermos amigas além de mãe e filha ou que pelo menos que sejamos isso.

Pela primeira vez não cobro dos meus amigos que estejam perto de mim nos meus momentos de dor e nos meus aniversários, mas convido todos para compartilhar os momentos de alegria, tantos os meus, tanto os deles e é claro, os nossos momentos que serão eternos, em um bom bate-papo desses que acontece ao acaso.

Pela primeira vez olho Brasília sem fazer milhões de críticas ao transporte coletivo, ao tempo seco e a playboyzada que escuta música eletrônica no carro ensurdecendo quem esta passando (se achando o ô do borógodó, não percebendo o tão idiotas são). Mas olho admirando o céu que é o mais lindo do Brasil sem dúvida nenhuma. Agora curto o tempinho frio, que é muito raro, mas muito gostoso, e me divirto olhando as '' tribus'' e a necessidade das pessoas em uma identidade e ideologia que é tão marcante aqui.

Pela primeira vez me recordo das pessoas que me magoaram sem dor, mas com saudades de um tempo que eu era tão pura de sentimentos e aprendi com o que passei com elas a superar as minhas frustrações e decepções decidindo, assim, quem eu quero que esteja ao meu lado.

Estou me despedindo sem esperar um mundo perfeito mas partindo para um novo mundo, sabendo que essa louca atitude é mais importante da minha vida, mas para que seja a mais certa dependerá apenas de mim.

Nenhum comentário: