O livro “1968, o ano que não terminou”, do jornalista Zuenir Ventura, de uma maneira romântica, narra a explosão de acontecimentos históricos, de uma geração que questionou valores, governo, censura, comportamento. As manifestações de jovens que lutaram para ganhar voz, diante a realidade de um país que se via encurralado a um regime militar, e a repercussão dessa luta nos dias de hoje e os vários pontos de vista do que foi “68”.
Ventura começa seu livro relatando a festa de reveillon na casa de Heloísa Buarque de Holanda.
A festa foi uma verdadeira e extrema euforia de sexualidade, violência e ansiedade. Uma prévia do que seria aquele ano. Deu-se ali, início a uma vontade de experimentar, de tirar a dúvida de tantos questionamentos feitos a essa vida de burguês que tanto condenavam. Todos os tipos de experiência, sexual, homossexual e o uso de drogas eram novos mundos a serem descobertos, questionados e criticados.
A pílula anticoncepcional chegou naquele ano. Mesmo com um ar desconfiado, junto com ela veio a quebra de ‘tabus’, dando às mulheres um novo tipo de comportamento, acompanhado na ousadia no uso de roupas mais curtas e sensuais e a decisão pelo divórcio.
O lema era experimentar, tanto na política, quanto no comportamento. Militâncias estudantis davam voz ao povo. Os jovens, em todo mundo, lutavam pela liberdade de expressão. Na França, Estados Unidos e Brasil, apesar de situações políticas diferentes eram tomados pelas manifestações de estudantes.
Culturalmente, o Brasil se viu dividido entre a paixão pela Bossa Nova, e o novo movimento: a Tropicália. As relações de Chico Buarque entre Caetano e Gil ficarem abaladas por alguns boatos, alimentados por alguns mal-entendidos e outros subentendidos.
Toda manifestação era ligada à política, inclusive a arte. Mas, naquele tempo, tudo passava pela censura. E muitas peças, filmes e músicas foram modificados e até mesmo proibidos. Uma reação a isso foi dada, com a greve dos teatros do Rio e São Paulo com manifestações marcadas pela presença de nomes representativos da classe artística.
Aquele ano ainda teve outras manifestações que entraram para história, como a passeata dos 100 mil, que reuniu gritos de slogans de dois grupos: os reformistas e os revolucionários. A passeata foi um grito de basta à ditadura.
Naquele ano fomos marcados também pelo AI-5, decretado por Costa e Silva. A partir daí, mortes, exílios, tortura e desaparecimentos marcaram essa geração que lutou em “68” com paixão e garra, acreditando em um mundo melhor.
O livro de Ventura é uma narrativa em forma de romance, que nos da à oportunidade de sentir a paixão e euforia que tinham os jovens que fizeram de ‘68’ um ano tão marcante. Os depoimentos de nomes importantes da época, e a visão dos próprios sobre o momento que passaram, nos faz também, além de conhecer tão bem os movimentos e comportamentos da época, entender porque “1968’’ faz parte, mesmo depois de 40 anos, de nossas vidas.
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